domingo, 2 de janeiro de 2011

enquanto isso na sala do nunca...

aqui parado eu me movo
para dentro e por fora do meu avesso
eu me estremeço

a rua la fora, passa dentro do meu quarto
e eu aqui dentro, sou mais como lá fora na rua
ela passa por mim com integridade radiante
e eu fico parado, esperando...
espero até morrer

depois da morte, me refaço
me levanto e colhendo os pedaços
construo uma nova figura

atenta ao que já sucumbiu, minha alma florece
e por um tempo fica a radiar e atrair
até que a luz acaba
e só resta a escuridão, onde eu fico
na crueza estática do silêncio

aqui encontro e me paro
para o avesso do meu fora eu entro
e me reconheço

a Lua la fora brilha escondida pela chuva
e eu andando na chuva, sou a própria lua

ela molha minhas feridas com acidez urbana
e eu desamparado, fico triste...
entristeço até dormir

depois que acordo me rebato
me levanto e carrego os meus passos
invento um novo caminho

atenta à flor que sucumbe, minha mente enlouquece
e por um tempo fica a procurar requisitante
até que o corpo fala
e então, sem pesar, eu vou
na fantasia dinâmica do barulho