aqui parado eu me movo
para dentro e por fora do meu avesso
eu me estremeço
a rua la fora, passa dentro do meu quarto
e eu aqui dentro, sou mais como lá fora na rua
ela passa por mim com integridade radiante
e eu fico parado, esperando...
espero até morrer
depois da morte, me refaço
me levanto e colhendo os pedaços
construo uma nova figura
atenta ao que já sucumbiu, minha alma florece
e por um tempo fica a radiar e atrair
até que a luz acaba
e só resta a escuridão, onde eu fico
na crueza estática do silêncio
aqui encontro e me paro
para o avesso do meu fora eu entro
e me reconheço
a Lua la fora brilha escondida pela chuva
e eu andando na chuva, sou a própria lua
ela molha minhas feridas com acidez urbana
e eu desamparado, fico triste...
entristeço até dormir
depois que acordo me rebato
me levanto e carrego os meus passos
invento um novo caminho
atenta à flor que sucumbe, minha mente enlouquece
e por um tempo fica a procurar requisitante
até que o corpo fala
e então, sem pesar, eu vou
na fantasia dinâmica do barulho
domingo, 2 de janeiro de 2011
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