domingo, 14 de dezembro de 2008

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Uma caneta...
Ai meu deus...putz...
Hehe... eu preciso anotar isso...será que essa mulher aqui do lado tem uma? Tem q ser logo porque acabei de ver o meu ônibus atravessando do outro lado pra fazer o retorno, logo ele estará aqui.
Acho que ela não vai ter porque ela não tem cara de quem tem uma caneta assim fácil no bolso ou não mão. E a bolsa dela parece não ter tbm..
-Tudo que eu preciso agora é...
Uma boa frase. Um bom título...
Putz... o busão tá vindo. Droga...
Chegou...hehe.
Bem, tenho que ir. Lá dentro algum passageiro deve ter uma.
Então eu subo no busão olho pro motorista enquanto subo a escada, noto que o cobrador é uma mulher e aí...
Há, que lindo...não tem ninguém... parece filme.
Qual a chance disso acontecer? Tudo bem que acabou de sair do ponto final, mas ele já passou por 3 ou quatro pontos antes desse. E nenhum passageiro embarcou. Muito menos um que pudesse me arrumar uma caneta.
Hmm, a cobradora. Hehe...
Eu dou um sorriso pra ela. Ela parece não entender, dá uma disfarçada. É claro...quem é que costuma sorrir pra um cobrador assim? Talvez uma criança, ou alguém simpático demais. Mas não um barbudo serio e mal encarado como eu.
-Você tem uma caneta pra me emprestar?
-Caneta?
-É.... por favor...
-Toma. - Ela me da a caneta com um sorriso, talvez finalmente entendendo o meu propósito e então podendo ficar mais tranqüila. Ela volta pro seu estado confortável de cobradora, se ajeitando na cadeira de uma maneira que parece ser a melhor forma de se permanecer naquele lugar todos os dias. Voltou o olhar para o parabrisa do motorista, afim de acompanhar o trajeto que provavelmente já se fartou muitas vezes de olhar.
Eu me apoiei numa daquelas barras pra pegar um papel qualquer no bolso e escrever a bemdita frase.
Tudo que eu preciso agora é...
1- uma caneta.
Pronto, depois eu termino em casa.
Devolvi a caneta e passei a catraca.
Me sentei na satisfação garantida de um assento vago em um busão vazio.
E comecei a pensar na Srta. D. Ela me incentivou a fazer coisas assim.
Aí comecei a pensar... que tudo que eu sinceramente preciso agora, na verdade é de um espelho.

Mas aquilo foi antes. Agora não estou mais lá.
Eu estou aqui em casa escrevendo esta história como tinha pensado. Como me lembro dela. Ou como quero me lembrar.
E por sinal não a escrevo com uma caneta, e sim com teclas. Sabe...
Pode ser a primeira coisa que se diz que se precisa de uma caneta pra escrever escrita por teclas, já pensada para a internet no mundo.
Mundo este que aliás está no final de 2008. Com todos seus rebuliços e apetrechos.
Mas ai de quem pensar que as canetas serão abolidas.
Mesmo não precisando do recado que escrevi naquele busão agora....
Sem ela eu não estaria aqui escrevendo.
E você, estaria lendo outra coisa.